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César Umetsubo, o Samurai Brasileiro! |
César Hidemitsu Umetsubo, nascido em Jacareí, interior de São Paulo, participou do Campeonato Brasileiro de Xadrez 2013, realizado entre 13 e 21 de Dezembro em João Pessoa/PB. Apelidado de Samurai do Xadrez, César fez bonito, conquistando o 3º lugar! Com uma performance digna de Grande Mestre (sonoros 2605 pontos), conquistou sua última e definitiva norma de Mestre Internacional de Xadrez, se tornando assim, o 1º Mestre Internacional nascido no Vale do Paraíba! Vale ressaltar que se dentre seus adversários houvesse mais algum GM, a norma seria de Grande Mestre! Além da norma definitiva, César já garantiu a vaga na final do Campeonato Brasileiro do ano que vem.
Entrevistamos o MF (Mestre Fide), agora MI (Mestre Internacional! Confira parte da entrevista:
Perfil:
Nome: César Hidemitsu Umetsubo
Onde Nasceu: Jacareí - SP
Cidade que reside: Florianópolis - SC
Live Rating: 2279 (2348 depois do brasileiro)
Escolaridade: Superior Incompleto
Profissão: Professor de Xadrez
Título: Mestre Fide
Entrevista: César Hidemitsu Umetsubo
1 1)
Como o xadrez começou na sua vida?
Oi, Daniel. O xadrez na minha
vida iniciou em 3 ambientes ao mesmo tempo, quando eu tinha uns 7 anos:
a. Colégio
Objetivo Jr de Jacareí, coordenado pela Tia Silvia - eu jogava com alunos de todas
idades, os que se destacavam eram Edson Sarmento, Katia Sarmento, Marcio Branco
e meu irmão;
b. Escola
de Xadrez do Tio Ivan Balducci, em São José dos Campos – lá frequentavam
crianças do vale do paraíba, lá conheci os irmãos Gabriel Miguel, Daniel Miguel.
c. e
na família eu tinha alguns parentes que jogavam comigo, como meu irmão, meu
pai, minha avó, a avó do Alexandre Massao e o pai dele também.
2 2) Como foi seu processo de evolução? Quais foram
seus treinadores, métodos de estudos, etc?
Aos 9 anos, em 1993, o Tio
Ivan nos incentivou a jogar o Campeonato Paulista Sub 10, 12 e 14. Gabriel
Carvalho Moreira Miguel e eu eramos os representantes do Vale do Paraíba na
categoria sub-10. No meio do torneio jogamos entre nós. Tivemos uma partida
muito equilibrada e empatamos. Vencemos as demais partidas. Fiquei com o
primeiro lugar apenas por critérios de desempate, mas acho que ele merecia o
título tanto quanto eu. Alguns meses depois, deste mesmo ano, fomos ao
Campeonato Brasileiro Sub-10 em Minas Gerais. Acho que fiquei em 6º e Gabriel
em 3º.
Criou-se uma boa rivalidade
entre Gabriel e eu. Ele era mais concentrado e mais destemido. Eu jogava mais
torneios e era mais covarde. Esta
rivalidade foi um importante fator no meu desenvolvimento.
Meus principais mentores foram
MI Hélder Câmara (dos 9 aos 12 anos) e MI Jefferson Pelikian (dos 13 aos 16
anos). Além destes 2 mestres, também me treinaram em menores períodos MI
Antônio Carlos Resende, MI Gerardo Lebredo e Paulo Giusti.
Parei de jogar em 2000. Em
2002 joguei algumas partidas em período de curso pré-vestibular. Voltei a jogar
em 2009, morando em Floripa. Desde então, treino sozinho, mas com muita ajuda
de vários colegas e mestres.
Eu nunca pensei na forma como
estudo como um método... Tá vou tentar explicar mais ou menos.
Primeiro, eu gosto de xadrez
como um todo. Então dificilmente acho chato ou tedioso qualquer contato com
isso, seja ler, pensar, conversar, assistir, conversar sobre. Não tenho
disciplina a ponto de fazer um cronograma e cumprir o que planejo fazer. O
obcecado em xadrez não necessita disciplina para estudar xadrez. Eu não tenho
tanta obsessão assim, mas disciplina tenho zero.
Acho que meu treinamento tem
estudo, prática, reflexão.
a. Estudo:
tem coisas que gosto mais, tem coisas que preciso mais. Por exemplo, agora que
estou de férias eu tava a fim de ver um pouquinho de botvinnik, mas eu também
sei que preciso consertar urgente um problema no meu repertório. Bom, eu acabo
estudando botvinnik um dia, abertura outro dia. Exercícios de combinação faço
em ônibus, fila de banco, etc.
b. Prática:
jogar é essencial pra tentar aplicar o que estudei, e para analisar e corrigir
depois.
c. Reflexão:
em momentos de caminhadas, viagens de bus e análises pós-torneios, reflito
sobre o que preciso melhorar. Com boa frequência peço conselhos a algum mestre
amigo.
Há períodos de saturação,
também. Às vezes fico cansado e fico alguns dias sem ver xadrez. Daí jogo algum outro passatempo.
3 3)
O que recomenda para quem deseja progredir?
Cuide da saúde. Mente e
corpo.
Estude e treine porque gosta,
não pelos resultados.
Abra a mente. Não acredite
cegamente nas informações que chegam a ti. Reflita sobre o que lê, ouve e até
mesmo o que já aprendeu e tem como certo. Tudo o que eu digo aqui pode ser
balela.
4 4)
Quais livros você recomenda?
a. Arte
da Guerra – Sun Tzu
b. Pense,
Jogue e Treine como um GM – Kotov
c.
Training
for the Tournament Player (Entrenamiento de Élite) – Dvoretsky e Yusupov
d. Endgame
Strategy – Shereshevsky
e. Zurich
1953 – Bronstein
5 5)
Qual seu maior ídolo no xadrez? E por quê?
Rafael Leitão. Ele é o
brasileiro que tem o título que mais desejei na vida: Campeão Mundial de Xadrez
da Juventude.